SER POETA
O poeta escorrega nas palavras
Nos textos ele distrofia
As vezes da realidade ele foge
Para outro mundo distancia.
Ora toma rumos certos
Do encanto e da poesia.
Outras vezes perdem-se no abstrato
E vaga num mundo imaginário
De personagens alegres, tristes, vazios e solitários.
O poeta chora, ri e por amor impossível implora,
Divaga por entre as dores e mágoas
Que não são suas, de alguém que não conhece,
Ele escreve e descreve nos seus versos
Os pobres sentimento, e com palavras enriquece
Deixando transparecer a alma, o amor
Pelas coisas ou o desapego
Faz de tudo um turbilhão para perder o sossego.
O poeta desapega de si mesmo, do seu mundo,
Para viver, vivenciar e dar novo rumo
Como dita sua inspiração.
O poeta chora, ri e sofre pelos outros
Aquilo que os outros esquecem.
Para o poeta basta um olhar triste, profundo,
Melancólico, angelical, meigo de uma mulher
Para desencantar a magia
E despertar na alma do poeta a poesia.
O poeta é um louco sem alucinações,
É um ilusionista, um mágico
Que transforma o sofrimento em alegrias
Como o escorrer da água de uma chuva,
Que mansamente desce de uma colina
Ou o discreto choramingar de uma menina
Quando no seu peito desponta o amor,
Ou o sutil desabrochar de uma flor
A transformação numa exuberante rosa
O poeta percebe e descreve em versos, poesias ou prosas.
O bater das asas de um beija-flor
Que necessita de beijar 1500 flores para se alimentar,
O poema precisa de só uma para se encantar.
João Pessoa-PB, 29/06/2016 Francisco Solange Fonseca