DESUMANDO-ME
DESUMANDO-ME
E a casa agora se ocupa de destroços
cuidávamos tanto dos vasos
e daquelas folhagens
onde as lágrimas da manhã desciam
quando estávamos a sentar
despreocupados num sábado
decidindo o que fazer
pra amanhecer domingo
que a lágrima da noite que chega
sem avisar por que veio
pertence-me amarga
uma amiga convidada chorando
sei porque veio me consolar
eu ainda estou amando
venho desaparecer do mundo
aqui no consolo vazio de estar
com a ferida aberta
recebendo a proposta do mundo
caia nas tentações variadas
homens de caráter perigoso
esquecem fácil teu corpo
não deixam marcas
lágrima desenhando nas veias
das folhas verdes
que verde fica no reflexo
me olhando
que vedes das coisas ao redor
desumando-me
uma humana golpeando o escuro
das coisas que precisam do vento
de outras que necessitam
do meu tempo
que poderia parar neste momento
de existir
alentam o ego buscado
de todo psicólogo desejando
por suas dúvidas no meu cadáver
pra ver o sentimento
que ele mesmo quer dominar!
MÚSICA DE LEITURA : Billie Holiday - Strange Fruit