Post Coitum
Escrevo para provocar, não apenas para ser lido.
Pensei ser necessário tentar explicar, post coitum, as sensações experimentadas durante as leituras de meus escritos, obviamente se o leitor não for frígido. A questão é que se preocupam em compreender, mas não é para a mente que escrevo. É para o estômago. Ler é, em última análise, comer!
Propus, enfim, um prato singelo, mas não destituído de graça e refinado paladar. A cada palavra quis que sentisse o peso no estômago, os movimentos peristálticos, a contração do fígado, a bílis e, no último momento, no ponto final, a eructação.
Se o meu leitor somente olhou an passant ou leu pedaços escolhidos provou algo como um aperitivo, azeitonas e queijos, para abrir o apetite. Vamos ao prato principal: entregue-se a leitura por inteiro.
A conclusão? Cabe a quem lê, a quem experimenta. Meus escritos se completam no leitor. Não será fácil, confesso: quero que mastigue bem e engula o bolo léxico-alimentar com muita saliva e vinho tinto, de acompanhamento. E assim como a carne resiste ao dente, minha palavra resistirá a sua deglutição. Lanço uma palavra desejo que vai grudar no seu dente. Vá lá, retire com a língua! Retire meu desejo com sua língua!
Quanto a meus escritos? Sou eu, sua comida, que chego.
Quanto a você? Liquidifique-se.