Florir
Costumava separar um tempo, nos meus dias, para fazer um passeio pelo jardim.
Caminhava devagar, fechava os olhos, ouvia as folhas secas se movendo com as chegadas e saídas...
Sorria por dentro, e imediatamente externalizava o que havia em mim...
Sorrisos, sorrisos, mais sorrisos e nada mais.
Regava as flores sempre que possível.
Sonhava, sempre que o tempo me permitia ficar.
Me encontrava com alguém que habitou por lá frequentemente, mas passado o tempo reduziram esses momentos.
Assim, passei a me ocupar, me faltava ânimo ao saber que provavelmente não iria o encontrar.
Vez e outra acreditava que era dia certo, por simplesmente sentir que em algum momento iria retornar... Mas não acontecia.
Assim, da última vez que nos encontramos, depois de tanto tempo já passado, nos enfrentamos com um olhar, estendemos nossas mãos e nos despedimos.
Os dias sucessores ao que este se deu, me fizeram ficar deslocada. Talvez eu buscasse algum refúgio que me fizesse voltar para o ponto de partida, para o prazer de ouvir as entradas e saídas, prazer de ouvir o burburinho presente por todo lugar...
Não me permitia voltar lá. Na verdade, não conseguia ir sem rememorar o que ficou... Sem a certeza de que havia passado.
Porém, o jardim precisava sorrir...
Eu precisava florir...
Florir o lar para ir e vir,
Ouvir outra vez o entrar e o sair, com amor.
Laíse Costa Oliveira