O PODER DA SEDUÇÃO

Tarde quente de janeiro.

Ela entra na sala trajando um vestido longo e colorido, o modelo e o desenho da estampa lembram a moda hippie dos anos 70, solto sobre o corpo não permite que se observe sua silhueta elegante e esguia.

Cumprimenta todos os presentes e acomoda-se em uma poltrona de tal forma que o vestido sobrepõe suas pernas por inteiro deixando exposta apenas parte do seu tornozelo.

Por falta de acomodações no ambiente, ele se posiciona em pé de costas para a janela bem a sua frente a uma distancia não maior que dois metros.

A conversa inicia-se e transcorre normalmente. De repente de forma inesperada ela cruza a perna esquerda sobre a direita expondo suas coxas de tal forma que ele passa a ter uma visão sensual do seu corpo.

A sua primeira reação é estranhar o despojamento da atitude, ela sempre se portara de forma clássica e com extremo recato.

Surpreso perante a inusitada cena, seu coração passa a bater acelerado, para um voyeur é a maior arma de sedução que uma mulher pode usar contra um homem. Ela por sua vez desconsiderando todo o contexto daquela sala, naquele momento sente necessidade de expor seu belo corpo, ser observada e desejada profundamente por um homem.

Como nunca aconteceu antes, inicia-se nesse momento um clima de sensualidade e cumplicidade entre os dois.

A conversa na sala continua a fluir normalmente, com o passar do tempo a excitação entre eles se torna cada vez mais forte, camuflam seus sentimentos e não demonstram um único sinal de emoção um para o outro ou para as outras pessoas presentes.

Em determinado instante por receio em trair-se e deixar transparecer o clima de excitação entre os dois, descruza as pernas e volta à posição anterior onde somente os tornozelos ficam expostos. Para ele é um alivio, vivendo um momento de sofreguidão extrema não conseguia mais se controlar e desviar o olhar das suas pernas.

Ela fica nessa posição por pouco tempo, sem se conter, de forma dissimulada sobe o vestido até os joelhos e abre despretensiosamente as pernas na certeza que da distancia e do ângulo que ele se encontra terá a visão da sua beleza mais intima. Observando a angustia do olhar que ele desfere em direção ao seu corpo, tem plena consciência do êxtase arrasador que esta causando e sente-se cada vez mais excitada.

Naquele instante em um delírio a imagina nua sobre uma cama e ele com toques delicados a acariciar e desvendar lentamente toda a beleza e as fragrâncias dos segredos do seu corpo, observando a expressão de prazer transformando seu rosto a cada toque suave de suas mãos... Como a vida não é plena, é feita somente por momentos e pelas emoções que eles trazem, chega à hora de ela ir embora colocando fim ao encanto vivido naquela tarde.

Levanta-se do seu lugar e despede-se de todos com naturalidade, como se aqueles sentimentos de profunda sensualidade vividos entre os dois nunca houvesse acontecido.

Após sua saída por horas ele não consegue tirar do pensamento a visão do seu corpo, e faz profunda reflexão tentando entender o que havia acontecido entre os dois naquela tarde.

Obedecendo a mais pura razão chega à conclusão de que nada aconteceu.

Foi apenas um sonho proibido, desses que acontecessem independente da nossa vontade enquanto dormimos, e do qual despertamos profundamente envolvidos e apaixonados.

Naquela tarde entre os dois houve somente uma mágica coincidência, sonharam o mesmo sonho, ao mesmo tempo e no mesmo espaço.

Duda Menfer
Enviado por Duda Menfer em 28/07/2016
Código do texto: T5711618
Classificação de conteúdo: seguro