Cinza Pálido
Não há brilho algum faiscando em teus olhos escuros
Faz tempo já que não encontro neles qualquer poesia
Será que as cores vibrantes que vi estiveram sempre em meus olhos
E nunca em teu mal cuidado corpo cinza pálido?
Será que te fiz sonho simplesmente porque não conseguia acordar do pesadelo?
Eras um baile de máscaras, feito para durar sempre somente até a meia-noite
Jamais ficarias para apreciar um nascer do sol
Jamais encaixarias perfeitamente em meus braços enquanto recitava-te versos
Teu sorriso estaria sempre torto
Como um ponteiro apontando para o lado errado
Para o passado
E se eu te amei foi só porque não te amar era a única coisa que doeria mais... demais!
Alguma coisa se esvaiu de nós e começo a pensar que fui eu
Porque teu pragmatismo clichê é engessado
E sonhos de poeta se fazem nas asas do romantismo
Por tua causa, até a lua está pela metade
Perdida no meio do céu sem ninguém que se fascine com sua incompletude
Eu quero ser completa e é exatamente por isso que preciso soltar tua mão
E se eu fiquei foi só porque a despedida era a única coisa que doeria mais...
Mas se eu ficar vai doer para sempre e se eu partir um dia vira cicatriz
Eu amei as cores vibrantes com as quais te pintei
Tu voltaste ao cinza porque era o único lugar onde sabias ficar
O baile acabou, preciso fugir do castelo
Não posso viver confinada em muralhas que não comportam poesia
E se outra vez te escrevi, foi só porque não te escrever era a única coisa que doeria mais...