Menos o Condutor
Assistindo passar a vida fica muito claro,
que tudo é passageiro:
aves em revoada;
gente que não faz nada;
peixes que sobem o rio.
A beleza é atavio, passa, e se faz em rugas;
passam as ambulâncias;
o comerciante, cheio de ganância,
e se vão também os condenados;
sem despedida o amor mais desastrado;
como não vão ficar, os pesares engasgados;
não fica, para sempre, os arrependimentos, penitências e lamentos; passa, também, a vontade de tentar novamente;
pois não há quem aguente, sempre querer voltar;
esquecidas ficam promessas, sempre há ingratos a beça;
ninguém, e nada, há de querer ficar.
Passam soldados marchando, chamados por novas guerras,
a vida do homem é lutando, que a trilha do homem não emperra;
um eterno inverno não fica não,
a seguir vem logo um verão...verão;
a dor , na alma, é dolorida,
mas por mais que crie feridas,
nunca se faz eterna;
assim como a menina linda,
por certo deixará de ser terna,
tocada pelos desatinos;
como tocam os sinos,
como anunciam triagens;
e de todas as longas e curtas viagens,
sempre nos cobra passagem,
um divino Condutor