UM BAÚ CHAMADO MEMÓRIA
Escrevo porque medida que escrevo vou me entendendo e entendendo o que quero dizer, entendo o que posso fazer.
Escrevo porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las como realmente são...
Clarice Lispector
UM BAÚ CHAMADO MEMÓRIA
Filha primogênita de uma família simples, mas muito unida. Somos oito irmãos e nosso pai sempre deu prioridade ao estudo, mesmo tendo estudado até a 2ª série do chamado antigo primário, incentivou-nos a focar nos estudos. Ele me alfabetizou com um ABC, perguntava-me letra por letra e sempre de forma salteada para que não decorasse. Um exemplo de mestre presente. Pena que se foi em um trágico acidente e hoje temos as belas lembranças para recordar e continuar amando-o.
Nasci no interior da Bahia. E por morar longe da cidade, entrei na escola aos oito anos de idade, porém já comecei no 1° ano chamado “forte”, pois já conhecia e juntava as letras, graças ao meu pai, meu primeiro professor. Lembro-me de que amava as aulas, para mim tudo era novidade. A cartilha era algo que adorava ler. Aquelas leiturinhas eram cheias de significado e descobertas para mim. Minha mãe conta que, mesmo “sem ler”, pegava as cartas que minha bisavó e ela recebiam dos parentes que moravam em São Paulo e ficava sentada no batente da porta “lendo”, dizendo tudo e ao mesmo tempo nada, já que não decodificava as letras.
Ao relatar a relevância da leitura para minha vida, gostaria de destacar uma das lembranças que vem a minha mente: as estagiárias que tinha todo ano, elas traziam uma sacola enorme cheia de coisas encantadoras e as histórias que contavam pareciam reais... Eu amava tudo aquilo. Elas tinham um cartaz de pregas onde colocavam personagens no palito de picolé e contavam histórias, ensinavam problemas e as operações... Tudo cheio de sentido, que nem entendo como um ensino, conhecido e criticado por muitos como tradicional, ensinou-me tanto.
Meu primário, hoje Ensino Fundamental I, foi maravilhoso e sei que aprendi tudo que tinha de aprender, pois adorava ler e fazer as atividades. Uma professora que ficou dois anos com nossa turma nos levava para baixo de um pé de cajueiro e lia histórias encantadoras para nós. Era professora Socorro, um amor de professora, séria, mas ao mesmo tempo doce e tão inteligente. Ensinava-nos e cobrava de uma forma que gostávamos da escola, não dava muita moleza aos nossos deslizes, senão fizéssemos as atividades, chamava a nossa mãe e aí já sabe, ninguém queria isso...
Outra marca do meu processo de leitura foi quando a professora de Língua Portuguesa, “Adeliza” pediu que eu lesse O Guarani de José de Alencar e viajei na história do índio Peri e sua amada Ceci; até hoje tenho maior amor pela Literatura Brasileira e sei que devo muito a meus professores.
Durante a adolescência, li muitos livros e dos mais variados estilos. Quanto à escrita tinha cadernos com esboços de poemas, cheios de poesias e marcas dos momentos vividos. Mas, confesso que alguns dissabores da vida fizeram com que nunca mais escrevesse nenhum... Porém, ainda guardo a saudade destes momentos que escrevia o que vivia.
Ao falar da importância da leitura na minha vida é como se surgissem flashes de várias memórias guardadas no fundo de um baú que às vezes hesitamos em abrir... Mas que, ao levantar à tampa, as lembranças saltam de forma extraordinária e mostram a relevância que tiveram os professores da minha vida escolar. Hoje ainda continuo estudando, lendo e a escrita só quando surge a necessidade. Confesso que sinto, lá no fundo, uma vontade de escrever sobre coisas simples, supérfluas, importantes, grandes, pequenas... Escrever pelo simples fato de escrever.
Refletir sobre a leitura, nos leva a pensar que não nascemos leitores e sim nos tornamos leitores. Ler é como acordar para um mundo cheio de conhecimento, encantamento, e prazer proporcionado pelo ato de ler. A leitura faz com que o ser humano se torne mais crítico e consciente do mundo em que está inserido; a inclusão social também se dá a partir da leitura.
Portanto, a leitura faz parte da minha vida. A todo o momento, estou lendo os diversos gêneros textuais que me cercam. E de acordo com José Breves Filho “uma boa leitura restaura a dimensão humana e atua como um organizador da mente, nutrindo o espírito e aguçando a sensibilidade“; e isto realmente acontece quando faço uma boa leitura.
Durante a adolescência li muitos livros e dos mais variados estilos. Quanto a escrita tinha cadernos com esboços de poemas, cheios de poesias e marcas dos momentos vividos. Mas, confesso que alguns dissabores da vida fizeram com que nunca mais escrevesse nenhum... Porém, ainda guardo a saudade destes momentos que escrevia o que vivia. Esta memória parece meio nostálgica...
Enfim, ao fazer este relato é como se surgissem flashes de várias memórias guardadas no fundo de um baú que às vezes hesitamos em abrir... Mas que ao levantar à tampa as lembranças saltam de forma extraordinária e mostram a relevância que tiveram os professores da minha vida escolar. Hoje ainda continuo estudando, lendo e a escrita só quando surge a necessidade. Confesso que sinto, lá no fundo, uma vontade de escrever sobre coisas simples, supérfluas, importantes, grandes, pequenas... Escrever pelo simples fato de escrever.