O deserto
Ontem, estava deitado, reflexivo, antes de entrar em estado de torpor, aquele que antecede o sono profundo, quando veio-me à mente uma fábula, não sei se sonhada ou criada ainda na posse de minha consciência.
Era uma vez, uma viajante, destemida, corajosa, sonhadora, que partiu em busca de um local paradisíaco para armar sua morada. Deparou-se com um imenso deserto. Tão extenso que não podia divisar o seu fim.
Assim mesmo, resolveu desafiá-lo. Decidiu penetrar na aridez do deserto a fim de satisfazer sua curiosidade e realizar seu sonho.
Muito andou até que encontrou um pequeno oásis onde mitigou a sede e obteve proteção temporária dos raios solares.
Lá ela pode sentir a eternidade dos minutos.
Depois de revitalizada com a hospitalidade das frescas águas e acolhedora sombra das árvores decidiu seguir em frente.
De início sua viagem foi por demais interessante, pois em cada oásis encontrava boa acolhida com água farta e paisagens variadas, fato que quebrava a monotonia das quentes e brancas areias do deserto.
Depois de tanto vaguear sem achar naquelas plagas o local seguro e definitivo para se fixar, resolveu retroceder e buscar novos caminhos em sua vida.
Aquele deserto com seus oásis pontilhados acabaram em constituir-se numa rotina tediosa, apesar das copiosas e acolhedoras sombras de suas árvores e do frescor e limpidez de suas águas.
O deserto e seus oásis não mudaram. Eles ainda lá continuam oferecendo à viajante aquilo que lhe é possível dar.
Restou apenas a nostalgia da sua ausência.