Desabafo
Se arrependimento matasse, eu já estaria no meu ultimo estado de decomposição.
Nitrogênio, nitrito, nitrato, amônia e nitrogênio. Só através da óptica deste ciclo, seria traduzido o infindável carma da minha vida.
Bactérias trabalhariam e trabalharão sobre minhas putrefeitas proteínas e gorduras, se excitariam e se excitarão devido aos findáveis carboidratos patrocinados por um desprezível ser.
Somente através deste víeis, contribuirei de alguma forma útil ao planeta, cuja minha audácia reflete no ideal de posse sobre o mesmo.
Não nego, pago meus pecados por ter aderido que viver é um gozo infinito e ao mesmo tempo limitado, saudável e ao mesmo tempo nocivo.
Valorizei a ilusão e desacatei o real.
Talvez mereça dor e sofrimento por ter acordado tardiamente de um sonho promíscuo no qual impera a falsa luxuria.
Por indeléveis motivos sou fadado à nunca ser o primeiro, sempre visto como retardatário em diversos sentidos aos quais dirimem falsas importâncias ideológicas vigentes e explícitas em minha diminuta e restrita concepção holística.
Se eu pude-se retornaria, abraçaria, beijaria, amaria e tornaria perfeito o pretérito imperfeito.
Só desta forma os ciclos que circundam o meu reduzido ego tenderiam à plenitude da felicidade, se este sentimento realmente existir.
"Indecifrável", "displicente", "retardado" e "tardio". Estes são adjetivos que realmente qualificam este sapiens que te declama.
Infelizmente não sou o que eu queria ser para minha bela taurina, cujo Aldebaran brilha em seus cristalinos escarlates, escuros como meu arrependimento e misteriosos como meus pensamentos.
A ti me apeguei, por compreender-me mais do que eu. Se conseguistes explicar o real sentido da minha existência, o meu amor será "eternamente" seu.