A folha
Ela havia sido violentamente jogada fora, pelo vento, desses ventos que vadia sem piscar os olhos...
.....Caída em algum lugar, abriu a sua alma,
Depois duma longa seca devastadora.
Agora, lia, lia o rio solto disfarçado de livro,
que às vezes vinha molhando a ribanceira sem qualquer sentido naquela vida,
que ardia ao sol batendo em sua solidão,
e criou vida e ia lendo e modificando o que nela havia de errado.
Um livro que a transformou, transportou,
Fez melhor, fez feliz, levou àquela folha seca pelas galáxias,
banhou de estrelas à sua visão, dividiu com ela, parte da lua, cheia...
E ela banhou-se de letras, lia, relia, sem se cansar, nele mergulhou de olhos fechados,
O livro mágico, de incontáveis páginas, algumas em branco, caminhos não desbravados que a empurraram para àqueles infinitos olhos de mistérios
mas de uma beleza que preenchia qualquer busca sua,
não matando a sede mas, aumentando a cada instante a vontade de tocar suas mãos, lindas mãos de anjo.
- Ainda hoje...
Quando eu penso em mudar o meu rumo, procuro as veredas solitárias de suas páginas, pouso mas de tanta emoção e dor volto a voar,
de preferência para um outro tempo, sem ouvir nada além da lembrança amada das suas doces e suaves respostas.
A folha sentada... Questionava triste, se podia viver sem o som da sua voz.
Sua voz,
suas palavras ditas, escritas, tantas coisas lindas, como esquecer?
Dessas coisas que você não consegue.
Memórias e gravuras de um rio livre que era feito de palavras que nem sempre traduzia o seu silêncio,
silêncio que invadiu como enchente acordando um mundo já esquecido.
De volta ao chão, o livro em suas mãos, e suas fotografias...
- Como ele é lindo!
Meu Deus!
Precisava mudar os seus pensamentos, ia doer menos.
..... ( suspiros )
- Liduina do Nascimento
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