...recatadas e do lar?

Sou de de uma geração de mulheres que perdeu o medo da vida.

Sou de uma geração de mulheres que aprendeu que era importante, lavar, passar, cozinhar, paparicar, não cheirar a alho, ter as unhas feitas, depois das roupas lavadas.

Sou de uma geração de mulheres que aprendeu que deveria calar os sonhos, a dor, o medo e os receios por amor...

Sou de uma geração de mulheres em que o trabalho era essencial, que os estudo era essencial, que saber era essencial que cuidar era essencial, que ser elegante era essencial...mas, que nem tudo era para ser.

Sou de uma geração de mulheres que aprendeu a amar, cuidar, limpar, estudar, querer e que aprendeu amar e a esquecer...

Sou de uma geração de mulheres que amou demais, que chorou, que perdoou, que quis e alcançou...

Sou de uma geração de mulheres fortes que amou quase sempre sozinha, que fugiu de tudo que era convencional para conseguir realização...que perdeu a paz por que realizar- se, que ficou só por querer conhecer mais, que terminou de educar sozinha por querer ir além das fronteiras da rua vizinha...

Sou de uma geração de mulheres vencedoras, capazes, exigentes que abriu as asas pra vida e deu conta de curar as feridas e fazer-se gente, pessoa, ser humano, apesar das grades e das imposições, que pagou o preço de não querer a vida pela metade...

Sou de uma geração de mulheres que lava, passa, cozinha, cuida,ora, pageia, trabalha, ama, se diverte,vence a si todos os dias para esquecer as agruras da vida...sou de uma geração de mulheres fortes...não recadas, do lar e de muita sorte...de uma geração que abriu as portas pra você voar...sou de uma geração que gerou a própria liberdade para não gerar a própria morte em vida...quando já não era possível amar.

Sou de uma geração de mulheres que se fizeram felizes...de recato rasgado e de lar modificado por muito amar.

Brasília - DF 2016.

- Do imaginário poético.