Escrita, para mim apenas...
Amo escrever, deixar que a minha alma solte pensamentos e reflexões, para que minha mão as escreva numa folha de papel, seja ela branca ou amarelada, pelo tempo que tem de estar guardada no baú antigo de minha avó, no sótão da casa da minha tia. Escrevo, mais para mim própria, do que para os outros. Tenho a sensação, de que se os outros me lerem, não vão entender a gatafunhada das palavras, assim como os sentimentos que elas transpiram, daí guardá-las na maior parte das vezes só para mim, fechadas literalmente com um pequenino cadeado.
Minha escrita, faz parte de mim, da procura do que desejo e quero para minha satisfação pessoal. Do mundo em que eu desejava viver, das pessoas inteiras no sentido nato da palavra, da entrega sem retribuição, do verdadeiro sentido do amor. Por isso, quando escrevo, faço-o de duas maneiras, numa deito para fora, pensamentos que me são nefastos, e noutra dou largas à minha vontade, imaginação na criação do mundo em que eu queria viver. Também escrevo, para um dia mais tarde poder ler, o que sentia naquela hora e momento, e dar-me conta futuramente, se algo mudou, se me encontro melhor, se caminhei na direcção certa da minha felicidade, ou na procura dela… Digamos, que é uma saída que eu tenho, de mim mesma, porque sempre temos uma saída não é verdade? E se acharmos não a ter, então precisamos é de a encontrar ou construir, e eu acabo por construir a minha saída, do que não gosto e preferia diferente, escrevendo, gatafunhando…
Com meus gatafunhos, nas várias folhas de papel, e com algumas procuras já encontradas, e outras ainda enterradas, assim construo minha vida. No fundo, escolho a minha maneira de viver aqui, ou lá, no mundo que crio.
Minha vida é mutável, porque o imutável não existe, tudo tem transformação, tudo evolui. Que monotonia viveria, se tudo fosse estacionário, ainda bem que é o contrário.
Todos os meus gatafunhos, se baseiam em pensamentos que eu sinto dentro de mim. Tento sempre que sejam pensamentos bons, até porque o bom atrai sempre o bem, a luz, e faz-nos sentir plenos. Sempre tenho essa escolha feita, ou tento sempre fazê-la. Mas às vezes acontece, sair um pensamento mais negativo. Acontece, porque tem de ser, e porque não posso deixar que fique lá dentro e cause maiores estragos, do que se estiver gatafunhado no papel. Cá fora, posso mais tarde lê-lo e dar um passo na maneira de conseguir transformar esse pensamento negativo para positivo, lá dentro, ruminaria e acabaria por criar provavelmente sentimentos que me fariam ficar triste ou em baixo. Poderiam destruir meu Eu interior.
É assim a vida, e é assim que eu a escrevo nas minhas folhas de papel branco, em gatafunhos de novas vivências, que eu gostaria de viver, de outras passadas, que eu não queria esquecer, mas também não queria lembrar, queria que elas ficassem em letargia permanente. Nas minhas gatafunhadas, também está impressa a força que eu tenho de viver, o meu amor pelo ser humano, sem diferença alguma tanto na raça como no credo.
Nos meus gatafunhos, o tempo é longo, e muitas vezes paro-o e modifico algo para melhor. Na vida real, não o posso fazer, não tenho esse poder, ainda não achei a poção mágica para tal. Por isso aproveito-o ao máximo, fazendo as coisas que mais amo fazer, e uma delas é precisamente escrever. Sou grata por isso a Deus Pai.
Grata, pelo dom que me deu de poder e saber escrever, e exprimir-me através desses pequeninos caracteres que tão bem sabe escrevê-los ou lê-los. Grata pelo poder que a escrita me dá, ainda que só seja escrita mais para mim, do que para os outros…. Quem sabe, um dia essas folhas amareladas pelo tempo e as que ainda estão brancas, se unam e formem um só caderno ... E como li algures por aí, ""Deus não coloca um sonho dentro da gente, sem que te dê ferramentas para realizá-lo"...