POESIA: O EXERCÍCIO DO AMAR
Àquele que foge ao egoísmo e que é a negação plena do egocentrismo, chamamos Poeta (com “p” maiúsculo). Se tal não ocorre, o poema é apenas um culto egoico – monovalente – que leva ao Nada. Nesse panorama psíquico, a Poesia se escusa, se esvazia. Poesia é um canto intensamente gregário, por sua densidade insubmissa. Íntimo e solitário, o poema (a materialização da Poética) subjaz e se contorce na flamejante centelha benfazeja da irmandade – neste mistério que nos faz parceiros da magia do futuro, com inclusas promessas de algo de diferenciado, benéfico para o coletivo. Todos os dias, muitos morrem e também renascem por Ela, porque subvertem razões para tal: outro mundo intimista que ninguém verdadeiramente sabe conhecer; poucos mal e mal desconfiam, todavia bebem Nela, aos goles, o sentido do viver. E, num extraordinário mutismo pervive na Palavra – flama olímpica para aqueles que acreditam na antropofagia dos sonhos, objetivando uma vida mais feliz. É dessa magia intangível que deflui o Amor e suas benesses.
– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015/16.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5691513