Olhos
Menina dos olhos verdes, quando eu vi os teus olhos, confesso que me perdi. Foi bem devagar, aos poucos. Estava olhando a água e de repente caí no poço. Quando entrei nos teus olhos, estava dentro de uma floresta, com bichos, sons, vida. Não havia nada igual àquilo.
Depois veio o mar. O verde das folhas das árvores se tornou líquido e eu fiquei parado vendo o mar vir até mim e veio tanto mar que houve um momento em que eu fiquei no meio do oceano. E os olhos me puxaram para baixo, então conheci a civilização dos peixes e tubarões.
Foi quando acabou o tempo. Nada de floresta, bichos, sons, vida, peixes ou tubarões. Os olhos se foram. Eu fiquei num deserto. Num deserto sem areia, sem calor, sem frio, sem nada.