Viajando com Borges

Guiado pelas mãos de um cego

tenho visitado cidades estranhas perdidas no tempo.

À luz da escuridão de sua cegueira e,

de sua memória cheia de Virgilio e Homero

Viajei por estradas infinitas em versos dodecassilabos.

Vi a lua em Buenos Aires dos anos trinta pela janela dos seus versos,

a mesma lua de Éfeso que viu Heráclito caminhando ao lado do rio, que nunca permanece o mesmo.

A mesma lua que viu também

Alexandre galopando em seu cavalo negro rumo às fronteiras da Índia.

Eu vi o tigre de Palermo em seus olhos e senti o sabor do

vinho que molhou sua boca naquela noite em Paris,

quando aprendeu com seu amigo Abramowicz

que tudo era imortal.

Com ele descobrir a beleza de estar só, sem estar solitário.

Agora sei que pode sim um cego conduzir outro cego