Tormenta

São poderosos os ventos, soprando de todas as direções,

e a menina a se equilibrar.

Durante a caminhada longa,

ja perdeu seu rumo inúmeras vezes.

Já não sabe para onde vai,

sequer por onde anda,

por qual chão pisa.

Apenas sabe de onde veio.

De longe.

Caminha sobre folhas, corta-se em espinhos,

estica seus braços e nada alcança, apenas os ventos.

E venta.

Como mal consegue abrir seus olhos,

ela tenta enxergar com a alma,

tenta lembrar-se de um tempo distante,

quando saiu a procura de respostas,

quando conhecia as perguntas.

Mas, não há paz em uma tormenta.

É como afogar-se,

vc quer viver, tenta respirar,

mas enxerga seus sonhos esvaindo-se com seu fôlego.

Numa tormenta, não há tempo para pensar,

anda-se trôpego, a se esquivar do que quer que seja.

E ela segue em sua batalha.

Quanto mais cerra seus olhos,

mas se encerra por dentro

e de tanto olhar pra sua alma, parece ter esquecido de seu lugar no mundo.

Ela apenas gira, luta, debate-se, cai, levanta.

É admirável.

Chegará o dia em que perceberá,

que o vento sempre sopra a favor.

Saberá usá-lo em seu benefício,

dissipará a tormenta apenas parando de lutar.

Abrirá seus braços e guiará aquilo que outrora a guiava,

e chegará onde quiser.

Por enquanto, segue como uma bailarina desengonçada,

ora graciosa, ora estabanada,

aprendendo sua lição mais preciosa,

lidando com o nada.

Pena que ainda não consiga abrir seus olhos,

se o fizesse,

enxergaria outras tormentas,

mas também outras cores.

Ouvi rumores de que é esperada em algum lugar remoto,

não sei onde fica,

nao sinto mais seu perfume,

apenas um forte vento do alto deste cume.

Desço,

decidido,

de cima do muro,

tateando no escuro,

aos poucos, reenxergando a imensidão,

acreditando que um dia, nossos ventos se encontrem em mesma direção.

Raphael Moura
Enviado por Raphael Moura em 07/07/2016
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