Outro mercado
Palavras talvez sejam como moedas - se guardadas, ganham valor irreal, a maior ou a menor, a depender do cofre.
Palavras, feito moedas miúdas e rolantes, vão por frestas, recantos, bueiros, abismos; perdem-se infinitamente, patrimônio volátil, líquido a qualquer forma, metal puro, precioso, periculoso... Por desproporcional, o custo para resgatá-las inexiste, e a energia para recolhê-las à boca é inútil; inexistir e ser inútil é outro paradoxo da palavra, como da moeda.
Como moedas - apesar de funções, intenções, flexões - palavras soam.
O eco das palavras atende o das moedas, por vezes; em outras, vice versa.
O boleto de cobrança sempre chega.