MORTA

Morta. É o que sou.

Pois tudo o que tinha me livrei.

Mas não me livrei depois.

Apenas perdi.

Um sorriso já me enfeitou a face.

Agora não me resta nem lágrimas.

A noite é fria e o silêncio

É uma faca de dois gumes...

Cravada em meu coração.

Oh! Deus!

Que fizera eu?

Que antes meu peito transbordava

De alegrias e agora de meus olhos escorre

Desespero e aflição.

Que tamanha perdição!

Que antes pura e belíssima minha alma cantava

Agora minha voz se calou.

Talvez para todo o sempre

Que deleite antes sentia eu!

Agora agoniado transbordam

Meus olhos. Ai de mim!

Que ao meu peito despertavam

Graças e amores, estar aqui nesse lamento

Nesse frio porto.

Que sentia tudo intensamente

Agora rude e hostil.

Meus momentos belos

Hoje são memórias dolorosas

Que me acabam a mente.

Que me desprezam

Apunhalando-me pelas costas

Minha perdição fui eu mesma

Essa maldição. Sim.

Sou escrava de minhas emoções

Que antes em êxtase profundo

Me banhava. Agora fraca e podre

Repouso esperando meu fim.