O CHAPELEIRO DO AMOR ( FINAL 2)

Há muitos anos passados, uma história perdida no tempo, quase caída no esquecimento, havia um jovem bem apessoado, jovial e contente, vivia sempre a cantar,com seu bandolim a tocar, viajava numa espécie de carroça, toda fechada, parecendo um trailer atual, era uma verdadeira casa ambulante, que tinha tudo que precisasse, puxada por lindos cavalos brancos. E, nesse local, bem equipado, limpo e asseado, levava uma vida, confortável e sossegada, que vendia chapéus femininos, de todas as marcas, modelos e cores. Fazia longas jornadas, conhecia todas as estradas, viajava nas noite,enluaradas e estreladas, para se livrar do calor e do cansaço.

Tocando seu bandolim, quando chegava a uma freguesia as mulheres sabiam que o chapeleiro do amor estava chegando e, logo iam se ajuntando, ele todo solícito com os chapéus nas mãos , logo ia dizendo, hoje trouxe mercadoria estrangeira, artigos de primeira, por uma pechincha, se não puder pagar troco por uma jóia não precisa se preocupar. Muito conversador e sobretudo, namorador, de loiras, ruivas ou morenas, mulheres altas ou pequenas mas, não levava nada a sério, era benquisto, casamento não estava previsto, logo em disparada,logo, desaparecia, ia para outra freguesia. Sempre usava a mesma tática, elogiava as moças solteiras, com muitas brincadeiras, e agradava, também, as mães com balas e pirulitos para as crianças, que faziam umas festanças.

E, com o seu jeito brincalhão ganhava muito dinheiro amarelado e perfumado, das matronas, das donzelas e, com a burra cheia de dinheiro, lotada ia ele pela estrada, cantando com o seu bandolim, para buscar mais chapéus, andava de- déu-em-déu, por esse mundo, vivendo ao leu.

E, nas conversas de botequim sempre dizia:

—Sou um solteirão inveterado, namoro todas as moças, não imagino um dia eu casado, dentro de casa fechado, vou ficar amalucado, sou um grande folgazão. Adoro esta vida de namorador e paquerador, tripudiar e enganar as donzelas, moças humildes dos lugarejos, reconheço que é uma maldade.

Há muitos anos passados, o chapeleiro sumiu dos povoados, não se tinha mais notícias do desalmado, mas tinha alguém que sabia, que com ele tinha conversado e lhe disse:

—Certo dia, o chapeleiro mexeu com umas jovens e entre elas havia uma que era casada e seu marido estava por perto e lhe deu uns sopapos e quando ia pegar uma arma para atirar nele, ele saiu numa grande disparada pegou seu “trailer” e nem percebeu que estava amarrado numa cerca, chicoteando seus cavalos e arrancando-a, que foi sendo arrastada pela estrada afora e nunca mais voltou. Eu, também, soube que ele está trabalhando em outra localidade bem longe dali.

—E está vendendo chapéus masculinos e continua sendo um solteirão inveterado. Nunca mais mexeu com mulheres solteiras e casadas.

Os sopapos foram bem válidos.

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 02/07/2016
Reeditado em 02/07/2016
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