SAÍSTE...NEM PERCEBI!

Não vi quando te foste. Percebi tua ausência no travesseiro vazio ao meu lado, entre lençóis amassados e tua camisa jogada no chão. Esqueceste-a, tal era a tua pressa. Nem sei porque tua saída súbita... sem despedida. Pensaste, quem sabe, que insistiria que ficasses? Seria insistência tola, dessas que amores infantis cometem. Pura falta de discernimento!

Quando um amor adormece no fundo de nós, é porque o coração perdeu o ritmo acelerado... a alma já não canta nas chegadas e nem os olhos choram na partida! Não teve despedida! É estranho esse amor que não morre, mas desmaia... perde a vitalidade, mas não a vida... tem sede da seiva que o nutria... a essência da exuberância que o fez viver em nós.

Morre a paixão e parece que o amor morre um pouco sem o frenesi! Na verdade, seus vestígios ficam e a lembrança os guarda em um cofrezinho... um toque de mãos... um roçar de lábios... um frisson que percorre a coluna... arrepios na pele...sinais que na emoção afloram.

Porém, quando o calor vai se perdendo e se diluindo no tempo, é porque o inverno vem chegando. Amores não sobrevivem ao inverno em nós!
  
                         ​Por isto...

...quando de mim saíste
nem te despediste!
Foi uma atitude indiferente,
dessas que tem o jeito eloquente
de falar por si mesmas.
Tua camisa jogada ao chão,
guardei no baú antigo

onde estão
 os teus pertences
que esqueceste da outra vez.
Mas, agora...sei que não voltas!
Quando fechei a porta
As chaves joguei fora.
Se um dia passares por aqui,
lembra-te de que neste endereço
deixaste um pouco de ti.
Embora tenha sido importante,
foi só parte de tua vida errante
e um pouco da minha que já esqueci!

Naget Cury, Junho de 2016.



 
Najet Cury
Enviado por Najet Cury em 28/06/2016
Reeditado em 28/06/2016
Código do texto: T5681733
Classificação de conteúdo: seguro