Ah, se eu pudesse

Saí à rua e senti o vento a "enroscar-se em mim... Pegou em mim, e suavemente me levou na sua dança... Dançamos com as árvores, as folhas que delas se desprendiam, e até com as flores resistentes ao seu dançar... Todos dançamos, rodopiamos sem fim... Tontos ficamos e nos quedamos num banco de jardim... O vento, esse ficou rodopiando no ar … Eu estava feliz e alegre … Gosto de sentir o vento em mim, e do que ele me traga como companhia… Gosto do seu dançar, fico com o coração palpitante, cheio de felicidade... Ah como eu desejaria que além do dançar, ele me levasse a ver o mundo e num lugar bem alto me deixasse ficar, onde o céu está mais perto e quase lhe posso tocar… À noite, uma estrela me iluminaria e um anjo ficaria a me velar, e nos meus sonhos, meu pai no céu eu poderia visitar … Ah, se ele me levasse, como eu ficaria mais leve, mais serena… Ficar-lhe-ia tão grata … E o vento, não precisaria de se preocupar com o trazer-me, de volta ao meu lugar, porque eu pediria a uma águia que nas suas asas me transportasse, mas não sei se queria a minha casa voltar… Pedir-lhe-ia que voasse alto, bem alto para que eu pudesse ser livre desta dor que me prende, duma perene saudade, que muitas vezes em lágrimas me rouba a felicidade! … Talvez assim eu fosse livre da dor da saudade!... Ah se eu pudesse no vento dançar ou nele ficar, ou se pudesse como a águia voar... Ah, se eu pudesse!