Alquimia do fogo na magia do amor 16

Alquimia do fogo na magia do amor 16

E foi. Numa tarde enluarada, no início da noite que ensolarou; fizeram foi cair nas mãos um do outro, sôfregas da espera desde a eternidade, entregaram-se para o encontro de corpos, não via dois, mas um metamorfoseado no masculino-feminino se emoldurando pela força do amor.

Câmera lenta poderia ser a tradução para quem olhasse a cena, o reverenciar das almas cultuando o corpo um do outro era enxergado pela movimentação divinizada das mãos e pernas, que tocavam-se, acalentando a canseira da lida com beijos cujas bocas ficaram diluídas pelas carícias das almas que se revelaram.

Não cabia mais ninguém, somente o cerimonial e o estado alterado de graça que os amantes envolveram-se, pelo corpo dialogaram com as individualidades em reciprocidade dizendo o que a linguagem não conseguiu chegar, demonstrando tato, trato, cumplicidade na profundidade alcançada, vivida a dois...Quiça, nestes instantes o oferecer e a reverência, nutrida pela vontade pura dirigida à entrega total e incondicional ao outro tenha trazido o “perfume e as cores” irradiadas das almas amantes necessárias para o despertar do agrado ao Incriado.

Não queriam mais nem menos, a não ser que parasse a noite de assim ser, e o dia esquecesse de aparecer, que extinguido fosse o tempo, o ontem e o amanhã. Somente eles no estado atemporal. Eis o clímax do trabalho alquímico do fogo no amor. Conseguiram passar pela ponte estabelecida para o contato mais próximo do que eram, o corpo, e daí fundiraam-se, o enlace da admiração e aceitação recíproca.

O eu te amo passou ser falado como cantiga pelas partes, agora estavam nus, sem as máscaras que escondiam suas verdadeiras faces. Pelo amor experimentado, despertada foi a inteligência marota, esqueceram que dominavam a percepção consciente, deixaram tudo de lado, pegaram carona na inconseqüência, vazio luminoso sem forma ou significação.

Eros em festa sorria em um canto qualquer, missão cumprida. Trabalho bem feito, afinal, depois de tantos desencontros, mais uma tentativa de bem aventurança estabelecida para duas almas viverem o amor.Até quando?

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 27/06/2016
Reeditado em 08/10/2016
Código do texto: T5680376
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