Um montante de coisas quase sem importância

Eu me preocupo,

com os velhinhos na fila da aposentadoria,

que querem ajudar os seus netinhos a cursar uma faculdade.

Eu me preocupo,

com as donas de casa,

que não tem dinheiro para comprar a mistura para o jantar.

Eu me preocupo,

Com os bêbados e viciados,

que estão desesperados, atrás de alguns trocados,

para que a abstinência não tome conta de seus corpos.

Eu me preocupo,

com as pessoas, que estão deitadas em suas camas agora,

lembrando de seus amores que estão bem longe e que nunca mais vão voltar.

Eu me preocupo,

com as prostitutas,

que também se apaixonam, mas encontram dificuldades em serem correspondidas.

Eu me preocupo

com os lixeiros,

Que não recebem sequer um bom dia enquanto manobram suas vassouras.

Eu me preocupo

com os animais,

que estão morrendo aos montes nos abatedouros,

e metade de seus restos apodrecem nos frigoríficos dos mais luxuosos restaurantes.

Eu me preocupo,

se a pilha que eu vou jogar fora,

poderá causar um câncer em alguém.

Mas o que eu mais me preocupo mesmo,

São com as pessoas que não conseguem sentir a música,

é sinal que a vida delas está perdendo completamente o sentido