• JOKER: VORAZ ²

Confesso, realmente admito, que havia necessidade e vontade no corpo de aconchegar naquele abraço, de entrelaçar naquele corpo com todas as intenções e pretensões que poderia desejar e querer.

Não queria amor, não era esse meu desejo. Meu único desejo era mesmo aproveitar e apreciar cada detalhe daquele corpo, o cheiro, o gosto, a textura, o calor.

Queria era o êxtase, sem ter que preocupar com o que poderia existir depois, longe das quatro paredes, sobre uma cama, cenário perfeito para tudo que poderia imaginar fazer naquele corpo. Poderia mesmo encenar uma personagem, ser quem quisesse e escolhesse ser, queria era sentir e fazer sentir, queria era gemer bem alto, ouvir os murmúrios e sussurros ecoar nos lábios dela. Queria todo prazer que aquele corpo poderia produzir e provocar.

Não precisava ter manhã seguinte, semana seguinte, era algo sem compromisso mesmo, sem ligações, sem mensagens, sem promessas. Queria mesmo por uma noite, esquecer todo mundo, e entrelaçar aquele corpo em mim, na consciência de corpos unidos pelo desejo e prazer. Queria mesmo apenas por uma noite, o prazer mais gostoso, de descobrir cada detalhe, de sentir o cheiro e fazer a pele arrepiar, todo corpo vibrar em um êxtase emocionante, intenso e voraz. Um êxtase único, que não pudesse ser esquecido, que fosse lembrado, guardado no recanto mais intimo da alma e coração. Por apenas uma noite, queria encontrar o encaixe perfeito daquele corpo, a sintonia única de sentir o coração descompassar no ritmo e cadência prazerosa, queria conquistar toda atenção dela, fazer sentir e saber que poderíamos ser únicos, mas seria apenas por uma noite, uma noite de desejos e prazer. Uma noite de prazer carnal, de descobrir no sorriso e no olhar a alma e coração dela, de sentir em cada olhar uma verdade ainda que persistisse em ser um enigma misterioso, um mistério insinuante e provocante que queria desvendar com capricho e minúcia. Queria desvendar e decifrar aquele olhar misterioso, ao sentir aquele corpo fundido ao meu, a pele a roçar em um embalo ardente, que faz a pele transpirar e o coração e alma gemer em êxtase. Admito, havia necessidade, notável de estar junto, e mesmo tentei evitar, ignorar esse desejo, impor ao desejo qualquer limite que pudesse manter meu corpo seguro daquela vontade avassaladora. Seria por uma noite apenas, por uma noite, em que minha necessidade, minha vontade, meu desejo fosse realizado e satisfeita. Ela não queria compromisso, não queria ficar presa a mim, e agora, era apenas esse desejo que existia, que persistia e mantinha a presença dela em minha vida. Seria apenas por uma noite, mesmo que depois, fosse procurar por aquele corpo em outros corpos, procurar o cheiro dela em outras peles, procurar aquele sorriso em outras bocas, aqueles beijos em outros lábios. Seria apenas por uma noite, mesmo que fosse para satisfazer minha necessidade, aquela vontade e desejo que parece não caber no corpo, parece alastrar como um incêndio pela alma e coração. Não havia mais como esconder ou renegar, negar que aquele desejo e vontade parecia clamar sob a pele, na pele, e sentia que precisava acontecer, para que tudo por fim, fizesse mesmo sentido. E que mesmo não fosse destino permanecer juntos, ser e estar um com outro, havíamos mesmo por encontrar, aquele encontro havia sido lapidado por nossas escolhas para acontecer. E assim, descobrir quanto e como pode ser extasiante e prazeroso um encontro, mesmo que fosse nos desencontros da vida, porque seguíamos caminhos diferentes, iríamos em direções opostos, talvez procurando por uma emoção e sentimento que fosse tão grande quanto tudo que podíamos e poderíamos viver juntos.

DAMIEN DARKHOLME
Enviado por DAMIEN DARKHOLME em 24/06/2016
Reeditado em 09/03/2019
Código do texto: T5677257
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