Alquimia do Fogo 12

Maravilhoso! podia por diante conferir como era a textura do corpo do tubarão, a pelugem do leão, praticar aventuras sobrevoando de passageira com o gavião, sem contar com as horas de soneca que participou com o corpo, similar ao que o bicho preguiça escolheu para dormir. Deixou o boneco de pano que teceu no ego fragmentado, foi ao encontro da alma do mundo, e dela pôde conectar-se com a fala de Deus. Disponível, como sempre esteve...

Aí sim, do subterrâneo explorado saiu de lá deixando a velha personalidade, que caráter foi enxergado! Praticante assídua do uso de algumas peças copiadas da ótica de outrem, somente para cumprir o ideal estabelecido de como deveria ser, sem nenhuma participação nisso.

Apertando o “replay” da “memória RAM do computador”, a cena foi revelada, perseguiu um ideal coisificado, sem elo com as aspirações superiores em si, a realização que “esgatunhou” a vida toda, do estado de bem aventurança, o afã de ser querida, aceita naquele boneco, OUVIDA POR DEUS!!!!frustração total! carregava um produto de si mesma impossível de ser realizado, nunca seria, pois o trabalho foi tecido com objetivos diversos, desviados do riso, da coragem, da liberdade, da unificação com a linguagem divina, sem separatividade. Apartada, fragmentada no circulo fechado do ego, era como ver o mundo na tela de um aparelho televisivo.

Assumida a autoria pela arte do fazer-se, a tranquilidade instalou-se, como a calmaria das ondas colidindo de tempo em tempo contra as rochas, não com fim de destruí-las, mas acarinhá-la com o toque molhado e singelo de sua constituição, intencionando adicionar ao todo da paisagem, que não seria bela se não pudesse contar com a participação do oceano, das rochas, da areia à beira praia, da lua a noite, e o sol compondo o cenário durante o dia.

Não havia mais fragmento, mundo interno e externo em harmonia, erradicada a possibilidade da eternidade dos conceitos definidos do certo e errado, incluiu-se no princípio maior da impermanência, mutação que tudo submete....definitivamente sentiu Deus.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 23/06/2016
Reeditado em 08/10/2016
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