Alquimia do fogo 11

Se não fosse o descobrimento da possibilidade do ser livre, não teria pinçado algum dividendo com o ato da coragem tomada à prova. Liberdade é o amigo oculto que não se mostra. Vive como o umbigo, trancafiado próximo ao coração esperando ser solicitado para incorporar-se à personalidade , isto desde a nascença. Nunca foi de outrem, por ela a vida incorporou à matéria, da fusão do masculino e feminino há a geração e a oportunidade de no agora tudo submeter-se ao ímpeto indomesticável da criação, manutenção, e por fim destruição.

Existe uma faísca dessa possibilidade no âmago de qualquer ser humano, e com a peregrina não foi diferente; pelo riso, aliado à coragem do voltar-se para dentro. Foi agraciada com o despertar da visão da possibilidade de colocar as mãos e olhos para fora, e tocar a realidade.

Começou engatinhando, depois, tropeçando sobre as próprias pernas, foi adquirindo o entusiasmo de poder enxergar as coisas como são; realidade mágica do canto dos pássaros, do relacionar entre corpos na magia sexual, do pôr do sol, seus encantos e magnetismos. Sem contar que não cabe aos olhos a lua cheia no mês sexto do ano. A liberdade, concluiu, é o casamento do intelecto com a freqüência natural do universo, que é movido pela sexualidade, canto supremo, glória demonstrável do Imorredouro.

Com a liberdade assumida trouxe sua outra face, a responsabilidade do limitá-la e assumir as consequências das ações. Cara e coroa são, senão vira “trombada de Fenemê com Scania”, disso que tira o difícil, amuletar-se nas escolhas alheias transforma a liberdade coisa de museu, mas quando, como o caso da moça, tomou às mãos o contato voluntário das decisões, desafiou acovardar-se, tornando como porco espinho, ou ainda encapsulada feito tatu bola, isso é trabalho para artesão. Fogem candidatos quando exige a necessidade de construir sua própria casa, ou ainda coser sua roupa, buscam ajuda ao alfaiate e construtor. Mas de tanto fazer isto e desgostar com o resultado usou do fogo, depois varias outras artimanhas para apagar o serviço internamente. É sabido que não deu certo.

Como vítima e culpada foi aventurar cutucar a liberdade para autorizá-la de por si mesma ajeitar os cômodos da casa. Agora sim, vontade pura, amor incondicional, coragem, e liberdade. Pensa que melodia surreal?

Do medo, da vergonha, e da dependência...em contato com a liberdade descobriu que é com ela que germina fruto da antiga mulher, os três elementos da covardia, ou até mesmo da ignorância do “quem sou”, concluiu que deverá polir-se para relacionar, dar a cara à tapa a si mesma é o melhor! somente sovando as própria convicções é que terá a oportunidade do saborear o néctar do comer da própria comida, beber da água que buscar, e deliciar.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 22/06/2016
Reeditado em 08/10/2016
Código do texto: T5675399
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