Tempestade
O anúncio veio através de um céu escuro,
Denso, pesado que parecia sufocar.
Os animais procuraram abrigo.
Os pássaros em especial,
Ficaram desorientados.
Aos poucos a escuridão cedeu lugar
À brancura de um céu opaco,
Embaçado, ameaçador.
E a tempestade veio...
Sinistra, perigosa.
A chuva caiu, em princípio, como garoa:
Cautelosa, calma, quase tímida.
Mas depois ganhou volume,
Engrossou, fortaleceu-se,
Ficou furiosa.
Freneticamente foi caindo sobre tudo,
Batendo de encontro aos vidros
Das janelas, portas e telhados.
Aliou-se ao vento forte,
Fustigando as plantas.
Quebrou os ramos mais vulneráveis,
Arrancou as folhas mais frágeis,
Desfigurou as árvores,
Despetalou as flores,
Coloriu o chão.
Então, satisfeita com o resultado,
Rejubilou-se, muito feliz
E perdeu a ferocidade.
Foi acalmando-se.
Ensaiou parar.
Continuou em forma de chuvisco,
Tornou-se intermitente...
Para... Continua...
Continua...
Para...
As nuvens densas, pesadas, abrem-se
E um Sol acanhado, deixa os raios
Espiarem por uma nesga
De céu azul puro, claro,
Transparente.
Na ramagem dos ciprestes eretos, imponentes,
A chuva, seguida do Sol, pendurou
Gotículas, quais pingentes
De cristal translúcido,
Irisados de luz.