Alquimia do fogo 8

Esbravejou, incinerou com os olhos o companheiro, se pudesse lançaria rajadas de fogo no amigo pelas ventas, quannnnnta ira!! Que sem graça! não perdia tempo em criar circunstâncias para piada. Que sincope, do riso, mexer justamente naquele mundo? O da morte! encerramento de tudo sem direito a resposta. Ali não! inaceitável a condição do”cala boca” que a morte impõe. O palhaço, sabedor das conseqüências que o inopino causou, trazendo a reação na menina, disse:

___ Não ponha eu no rolo não! Que tenho eu com isto? Daí pra dentro é outro compartimento. Passou sorrir, mas caminhando lentamente para trás...de passos diminutos. Sabia que a explosão viria...a da indignação.

Ela, de punhos fechados passou correr atrás do palhaço, esbravejava, entre palavras e gritos, lamentava:

____Não propôs que eu saísse? da companhia da ira, ódio, raiva, CULLPAAAA!! ESTÃO TODOS AQUI NOVAMENTE, me preparou armadilha, quero acabar contigo salafrário, venha aquiiiiii!!!!!

Ele que distante estava, dizia numa mistura de coragem e naturalidade:

___Não prometi arrumar sua casa,tão somente convidei-a sair de perto destes artefatos que nasceu em ti, por ti, e apesar de poder sair, conectados estão à sua ótica, quando expõe-se nela, olha eles, como na velocidade da conexão do “Wi fi” ao ifone, eles aparecem. Viu?

Chorou como antes, entre um soluçar e outro, olhando para o portão, mundo do silêncio, falou nestas palavras incongruentes:

___ Não me castigue, ponte intocável entre dois mundos! Encerra o que está no auge da felicidade, outro, da festa, outro ainda, da juventude, ceifa amores febris. Quando tudo está certinho, desliga, e pronto. O que cumpriu a tarefa, e aquele que nada fez, o que entendeu os motivos e foi, também vai...

O Palhaço, acostumado com o perfil temperamental da amiga, foi aproximando devagarzinho, coçando as costas com o cabo da bengala que carregava, deixou escapar:

___Fala com quem? Perde tempo não, não é por aí, a vida é o instante, o agora, ocorre tudo, vida e morte são irmãs siamesas, na casa da consciência, pela inteligência, saíram para independência. Cada um no seu tempo, vai. Foi embora cantarolando. Resolveu partir, para não voltar nunca mais.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 19/06/2016
Reeditado em 08/10/2016
Código do texto: T5672206
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.