Alquimia do fogo 6
Ouviu sorrisos, daqueles que das duas toma uma iniciativa; sai do lugar decidida não voltar, buscando a fuga, ou procura a direção do escândalo para aferir qual é a graça. Fez foi procurar a algazarra...não podia ser outra senão arte de palhaço; estava lá,segurando sua imensa barriga pelos suspensório que dava suporte à calça aos ombros.
Olhava a desocupada com compaixão no riso, mesmo assim, em cada suspirar soltava gargalhadas, uma maior que outra. Tinha tanto colorido na roupa que nenhum tom deixou de fora na estampa, ganhou da chita, da aquarela brasileira na saia da baiana. Com uma bengala aproximou da “reclamona”, com cautela, sabia que poderia levar “supapos”, trataria com quem não tinha mais nada a perder. Parou de sorrir, afinal, não encontrou eco para sua mensagem, a do “ eu não estou nem aí com isto” da moça.
Depois de ajeitar-se no andar, equilibrando sem perder a graça sob os pares dos imensos sapatos bicudos, que em suas pontas levavam duas esferas. Poetizou:
Deixa disso!
Sai daí!
Conhecedor da causa
Sou, palhaçada é
Fiz
Sair
Deixando
Tudo engavetado
Encontrei
O chororô
Da cuíca
De par com o cavaquinho
Vem menina!
Perde tempo não!
Se arranja
Que tudo logo acaba
Essas tralhas aí
De tanto desuso
Desaparecerão
Nem pague pra ver!
O éter corroerá
Desconstrução
É o destino
Certo
Na espontaneidade da graça, como quando alguém consegue sentido num achado, passou sorrir, mas como num desabafo, como aqueles que obtêm sentido nas respostas cretinas ricas em significado. E não é que ela era a grande palhaça daquilo que a vida retribuiu-a...sim. Que engraçado! como dito por Bial certa vez em uma de suas façanhas intelectuais, ”a vida é uma piada de mal gosto”. Patifaria pura, o “mano”, no alto de sua sabedoria sustenta na cantiga “o barato é louco e o processo é lento”.
Riram muito, ao ponto de deitarem e rolarem sem pressa. Esqueceram até o que a turma conhecida aprontava ao lado! Arrumaria uma roupa de palhaço para ela, gostou da ideia.