A Morte do Poeta

Isto sou eu?

Esses rabiscos que em agonia leio e releio?

Sou eu, esses sentimentos intensos que tinham certeza que iriam chacoalhar o Universo?

Será que meu legado já foi todo esparramado por essas páginas chamuscadas

E só me restará falar de mim no passado?

Não sou mais poeta. Não sinto!

Estou me despedindo desse lírico eu, dessa arte que não é mais minha

Estou abrindo o armário e jogando fora os sentimentos que não uso mais

Talvez haja arte no saber

Mas a sabedoria que achei é mais amarga

Em minha sabedoria não cabem os amores

Porque em minha ingenuidade couberam muitos adeus

Não posso mais cantar

Se a melodia só vem quando as lágrimas caem

Ser poeta tem essa coisa de morrer de amor

Mas eu não quero morrer

Eu quero viver!

Então morre o poeta.