Inconsequente Consciência
E o operário achou por bem, fiscalizar a sua construção...
Num domingo qualquer, apareceu na obra que crescia. Lentamente, subiu as escadas ainda íngremes. No topo dos tijolos, lançou um olhar curioso ou quem sabe? Vaidoso, de quem tem plena consciência de sua responsabilidade. Na última laje, passeava para lá e para cá. Peito inflado, queixo erguido, mãos para trás.
Assemelhava-se ao engenheiro, dono da obra. Mas ele, só ele sabia de sua importância ali. Pá após pá levantara aquelas paredes todas elas, até o andar de cima.Uma após outra, com seu suor e agora, estava ali perplexo sem saber o que falar diante da grandeza de sua obra. “Sou um artista”, pensava ele, “na medida em que crio”.
E essa consciência vinha de dentro, amargando a inconsciência do seu patrão. Ele construíra aquilo tudo e só se falava no... Planejador, o engenheiro. E ele? Onde estava? Onde ficava nisso tudo?
E, ao passear em cima da laje, amargurava as horas que passara ali.
Mas...Que fazer? Se ele era mais importante que o engenheiro! Ninguém reconhecia isso. Só ele. E era o que bastava.
Começou a sentir arrepios e quando viu, jazia no chão, semimorto consciente.
Mas, para que? Se o importante era o engenheiro?