IEMANJÁ
Senhora dos Navegantes,
minha querida Iemanjá,
meu amor em sua jangada,
foi pescar em alto mar
e eu me sinto angustiada.
De joelho eu te suplico
cobre -o com teu manto azul
contra os perigos do mar.
Deixei acesas na praia
velas em tua homenagem.
Lancei ao mar uma rosa
para enfeitares com ela
teus longos cabelos negros.
Aceita minha oferenda
e traz de volta aos meus braços
o meu lindo pescador.
Podes brincar co' a jangada
subindo e descendo as ondas,
podes fazê-la correr
ao sopro forte do vento
mas não a deixes virar,
por favor, minha Iemanjá.
Dá-lhe noite sem tormenta,
um céu cheinho de estrelas,
uma lua redonda e branca,
tão branca como as espumas
que cavalgam tuas ondas.
Iemanjá, quando vieres
beijar nossas praias brancas
com tuas ondas tranquilas
ao voltar, leva contigo
meu amor e minhas preces
ao meu lindo jangadeiro
sozinho no mar imenso.
Diz a ele que já o vejo
arrastando sua jangada,
recolhendo sua vela,
enrolando sua rede
e, com beijos, acenando
feliz de voltar à terra.
Iemanjá, do mar rainha,
mãe de todos navegantes
transforma em realidade
esses meus sonhos distantes…
À beira do mar espero
a volta do meu amado.
Cada segundo é um martírio
e da jangada nem sombra…
Meu coração bate forte
ao ver um ponto distante
dançando por sobre as ondas.
Não sei se ria ou chorava.
Dei um grito de alegria
e ergui os braços ao céu
numa prece agradecida.
Era um lindo jangadeiro
que Iemanjá trazia de volta.