Um terço dessa pena

E todas essas luzes de carros nas avenidas,

e todos esses letreiros das lojas no centro,

e todas essas caixas de sapatos,

Esses cabelereiros,

Essas músicas ruins.

Essas danças ruins.

Essas modas inúteis,

Cafés sem açúcar,

que vão perder o seu valor amanhã,

quanto tudo isso for taxado de ultrapassado, por alguém

que vocês

sequer conhecem,

mas que determina

o que será de sua vida na próxima estação, todos os anos.

Os fast food's, vendendo comida ruim,

e os atendentes mal-humorados,

Os dedos que digitam, 

os celulares e a falta de atenção.

os cinemas transmitindo filmes horríveis,

e vocês

exigindo tão pouco desses cineastras.

E os vendedores que tentam ganhar um pouco em cima,

E os policiais que aplicam multas sem necessidade,

As pessoas que fazem piadas maldosas,

Vocês estão apodrecendo o mundo,

apodrecendo com a gente,

vocês estão se limitando e limitando,

e o pouco que sobra, logo é desperdício.

E os amantes que se perdem, perdendo seus amores,

que já estavam perdidos, desde o começo.

Também estão

apodrecendo.

E há mais de sete décadas,

Hemingway deitava-se toda a noite com a mulher que amava,

e de tanto amá-la,

nunca conseguiu fazer sexo com ela.