Informações importantes sobre Anna
Anna, a menina de duas letras e várias sílabas, vivia sempre na janela do seu quarto. Imaginava pode imaginar o seu futuro. Fazia suas anotações em pedaço de papel. Desenhava, com um lápis, o que não poderia desenhar, afinal, o futuro não existe.
Gostava de andar na moda. Não era daquele tipo que se maquiava e colocava um tremendo salto para ir comprar pão. Mas, não podia ver uma liquidação. Isso era é inegável.
Caprichosa de todo jeito, tinha como um hábito sair nas tardes para ver a chegada das noites. Da praia, que ficava a uns 500 ou 600 metros de sua residência, ela residia para vê o sol pousar. Gostava também de caminhar, pra manter a forma, ou o que ela julgava como “forma perfeita”, não sabendo que, ela já dispunha da perfeita forma.
Julgava poder ser alguém diferente, mesmo sendo adepta da normalidade. Talvez, o uso da expressão: “ser diferente, é normal” justificasse isso.
Mas, no caso dela, era um pouco mais em razão do instinto de sobrevivência, que ela queria ou achava ter. Estava um pouco cansada dos mesmos resultados. Da ordem de palavras dispostas. Das palavras dispostas em ordem. Em relação à vida, estava no meio termo. Ou no termo do meio. Ainda não sabia o que iria cursar. Mas, isso ainda tinha muito tempo para ser pensando. Mais precisamente, seis meses.
Todavia, o mais importante de tudo que eu sei sobre ela, é que ela queria mudar. Deixar para traz o que ficou atrás, esquecer o que deveria ser esquecido, lembrar-se do que estava esquecido. Alimentar-se dos sentimentos que um dia foram seus alimentos pessoais e intransferíveis. Programar-se para ser menos ciumenta.
Acho que a última coisa que eu tenho que falar, ou melhor dizendo, alertar sobre a Anna, é que, a moça é meio braba. Principalmente se você não gostar do seu tom de risada desenfreado e do seu cabelo todo cacheado.