Oceano

Ela era o oceano. E eu não era mais que um rapaz que amava as ondas, mas morria de medo de nadar. Observava-a, hipnotizado, da segurança da praia, molhando meus pés. Desejava um barco, um navio, uma roupa de mergulho. Queria entrar, mas sentia medo do que me aguardava em suas arrebentações. Era sonho, desejo, obsessão.

Ela era o mar, o grande desconhecido. Lugar de aventuras, histórias, belezas, mistérios. Cauteloso, desbravava suas águas, sentindo o cheiro e o gosto do sal. Apreciava a maresia, o nascer-do-sol em seu horizonte, mas não ousava ir muito fundo, por medo de me perder naquela imensidão.

Ela era a correnteza. Senti-a me puxar, cada vez mais perto, tirando todo o meu fôlego, arrancando meus pés do chão. Levava meu corpo para o fundo e eu não conseguia resistir. Rendi-me à sua força. Desisti da terra firme. Pertenço às suas águas agora, à deriva. Nadando eternamente no balançar de suas ondas, no acalento de sua maré. Contente, feliz, entregue. Rendido aos seus caprichos e fiel aos seus desejos. Era seu.

Lucas Goulart Almeida Silva
Enviado por Lucas Goulart Almeida Silva em 05/06/2016
Reeditado em 10/07/2019
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