Sonata da Morte...

 

            Sou o pai, o filho e o espírito do santo. Amém.

            Sou aquele que não foi.

            Sou uma sombra do que poderia ter sido.

            Sou virtude, fracasso, tentativa e erro.

            Sou o bordão, velho, cansado e usado do artista.

            Sou a melancolia, a euforia e a razão.

            Sou o descaso com a vida.

            Sou o implicante, o carrapato, o incerto e o veneno que trucida o infeliz suicida.

            Sou o nascer do sol para o cego.

            Sou a sinfonia que o surdo não escuta.

            Sou a antítese da luz e aquilo que a sombra não alcança.

            Sou a paz do defunto e o medo do vivo.

            Sou aquilo que te espera em algum momento,

            Na próxima esquina,

            No dobrar da vida.

 

            Sou o frio na espinha,

            O arrepio,

            A voz que te clama na solidão da noite.

 

            Sou a morte, a sorte e o acaso.

 

            Sou o trago do bêbado,

            O luto da viúva

            E a palma do obstetra em um pequeno corpo inerte.

 

            Sou lascivo,

            Ardil,

            Sorridente

            E sedutor.

 

            Tenho mil faces e todas elas encantam

            Não chego sempre de repente,

            Às vezes aviso mil vezes e alerto meus escolhidos.

 

            Todos são os meus escolhidos.

 

            Sou o trago lento do fumante e desenho as formas na coluna de fumaça.

 

            Somente uma vez fui ludibriado.

            Teve um que voltou três dias depois.

            Se a moda pega, perco o meu emprego...

 

 

(Comunicamos aos amigos do Recanto o lançamento do nosso novo livro:
O Homem que não Bebia Cerveja! Clique no link e indique aos amigos  http://www.corifeu.com.br/comprar.asp?CODIGO=251! Um abraço!)