O CHORO E O RISO

É bem verdade que esta hora – a da criação poética – é comum a todos os gêneros do humano ser, geralmente urdida por suas experimentações e o andar no mundo aberto ao sensitivo. E em seus redutos pouco importa se o alter ego que frutifica a palavra é masculino, feminino ou "tercius", e se nele predomina o choro ou o riso. A imantação do Absoluto se manifesta por ele, por menos que se faça presente ou até não se O reconheça. Porque o poema trará em seu DNA, tanto quanto o bebê (que chega chorando, lembras?), e que, curiosamente, sua destinação é aspergir o mundo de belezas e dengos para o Ego poder vir a ser feliz. A alegria e a dor são meras consequências dos estados de consciência? Não é assim que ocorre o mistério de se achegar ao mundo do estar-se lúcido? Verdade é que o poema vem quase sempre como bálsamo para a tristeza que verte dolorosa... E para onde segue o que está aquém ou além da lucidez?

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/16.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5657521