SOB O JUGO DA LEI, ODE AO SOL.

Antes de todo o conluio, a cerimônia se presta:

- Matem o homem socrático!

Cuspiram o vinho do santo e empaturraram-se das vísceras do homem.

Não há virtude inativa - sejai Homens! Insurretos, rebeldes, insubmissos

- criaturas da Lei.

Amarguram secretos na degenerescência tardia dos falsos humildes, detesto citar o assassino alemão, mas a ambrosia é a própria vida - amor fati.

Ante todo o tipo de dualidade mesquinha, maniqueísmos e sincretismos escatológicos, revogo todo o tipo de interpretação ou hermenêutica. Morram todos os interpretes, logotetas, especialistas, teóricos, filósofos, ascetas - patetas. Queimem junto ao instinto! Agora recomecemos, o que fica? A vida como ela é, irracional, única, indivisível e pulsante!

“Apolo ria, era grande demais para o povo heleno. Mal sabia ele, que sua vergonhosa hipocrisia findara em repúdio - pegaram-no aos beijos com seu irmão Dioniso.”

Agora que sabeis bem, a tragédia, sabeis melhor que eu, que não haverá resposta despropositada, e que tudo o que de mim partir é um paroxismo indistinto de todo o antropovinismo que aqui assumo. Mas recomeço, contra toda covardia há um santo remédio - Querer. Mas não o desejo querente, nem a insistência oculta de Neptunianos ilusionistas, o desejo bacante primário; libidinoso e suculento iluminado aos olhos solares do Eu-vivo.

Querer é consciência original daquilo que pulsa, expande e espasma no corpo etérico humano - cenestesia existencial. E frente ao jugo desta lei biológica conhecemos o Homem - filho de Sofrósina. E sabedor de sua ambição, cobiça e desejo, nada o pode parar - exceto ele mesmo -; e por saber o que quer, menos poderá querer, pois é ele filho da morte, da finitude e da temperança. Então deixará a luxúria, o êxtase, e o vexame, passará a se mover como força propulsora de vida, e arrancar dos beiços da vida, sua vontade de viver!

Faça-te Apolo, mas ameis como Dioniso. Deixai a teoria de lado, a homeostase do coração humano, é maior que toda prisão ideológica, o único vinho a ser bebido é a virtude leonina. Matei todos os homens que habitai em ti, e só assim nascerás novamente. Vontade e Potência, senhor de si. Sol de teu jardim.

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 04/06/2016
Código do texto: T5657233
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