RETICÊNCIAS

No início, tu eras o um dia, o será, a interrogação, o virá.

Depois, o talvez, o quem sabe, amontoado de dúvidas e vírgulas.

Não tardou (que bom!) a te tornares o de fato, o agora, o presente.

Pra sempre, eu te perguntava. Eternamente, tu me respondias.

Mas, quando me dei conta, tinhas te transformado no foi, no ontem, em pretérito (tão imperfeito!).

E hoje eu não sei explicar esse zero, essa não-palavra.

Essas linhas vazias, esse silêncio, essas reticências...

Abraão Baêta
Enviado por Abraão Baêta em 04/06/2016
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