RETICÊNCIAS
No início, tu eras o um dia, o será, a interrogação, o virá.
Depois, o talvez, o quem sabe, amontoado de dúvidas e vírgulas.
Não tardou (que bom!) a te tornares o de fato, o agora, o presente.
Pra sempre, eu te perguntava. Eternamente, tu me respondias.
Mas, quando me dei conta, tinhas te transformado no foi, no ontem, em pretérito (tão imperfeito!).
E hoje eu não sei explicar esse zero, essa não-palavra.
Essas linhas vazias, esse silêncio, essas reticências...