INDIFERENÇA
Seremos sempre dois caminhos paralelos... caminhando lado a lado... mas sempre longe... tão longe de nós... tão longe de tudo o que nos cerca... indiferentes a tudo o que nos rodeia... caminhando entre nuvens de silêncios e tempestades... caminhamos sem olhar para trás... numa ânsia eterna de chegar a qualquer lugar... ao lado de lá da vida... onde ficou o amor... onde ficou o silêncio... aonde ficaram depositados os sonhos e as recordações dos nossos gritos presos nas gargantas do silêncio... sufocadas pela indiferença e o desdém que habitam em nossos passos e em nossos corpos cansados...
Cada um de nós tem uma vida a que chama de ‘sua vida’... cada um de nós tem sonhos a que chama de ‘seus sonhos’... e deixa perdido o seu olhar nas brumas da vida que deixou para trás... no esquecimento do tempo... afastando as sombras que caminham paralelas sem nunca se encontrarem... ao longo das manhãs sem destino e das noites que não chegam...
Andamos abandonados nas palavras que não se cruzam caminhando pelos espaços em branco... da vida que nos rodeia... nos labirintos em que não nos encontramos.. vagamos pela escuridão de todas as ruas... somos como a lua e o sol: anoitecendo e amanhecendo nas estradas do infinito... vazios de nós... perdidos na correria louca do tempo...
Aonde foi que nos perdemos? Onde nos deixamos? Num cais perdido sem chegadas nem partidas... duma cidade fantasma perdida no desengano... envolta pela nuvem negra da indiferença e da rotina do dia a dia... vegetamos no cansaço dum futuro incerto onde já não há espaço pra nós dois... vagamos perdidos entre o tempo e o vento!
By@
Anna D’Castro