"Espinhos"

Perder-se é uma das piores sensações do mundo. Quando as palavras já não fazem sentido e tudo o que você sempre quis e sonhou se transforma em uma névoa, um mero nevoeiro. Perdi quem sou. É uma dor excruciante. Quando todas as fibras que formam a sua alma simplesmente se desprendem e tudo vira um emaranhado estranho de pedaços seus. Um eu despedaçado, como um espelho quebrado que já não pode ser recomposto. Entropia. Pedaços nunca voltaram a ser um todo novamente. É a lei da física. Da vida. Nada volta a ser o que era. Talvez, no fundo, isso seja algo bom, porque a vida me muda a todo instante e, apesar de ser doloroso, são podas necessárias. É preciso arrancar os espinhos e isso nunca é fácil, nem indolor. Nada cresce, muda e se transforma, a menos que doa.

Está doendo.