Prisioneira

Pulsos e tornozelos presos a grilhões numa das paredes de um calabouço imundo, refém de sua tola e equívoca depressão desmedida, que se alimentava da mente debilitada e desmotivada a libertar-se. Trêmula, permitindo-se encurralar por devaneios em posse das mais diversas artimanhas, gozando da vantagem de conhecer cada fraqueza de sua débil vítima.

A verborragia autodepreciativa faz dela uma deprimente figura que implora por atenção. Via-se cercada de olhos dotados de uma esforçada paciência, com um brilho piedoso e sentia-se envergonhada, suja pela incapacidade de livrar-se desta prisão mental a qual se impusera. Uma impotência que só existe na depressão de um ser frágil e masoquista, incapaz de conter as próprias sombras quando não pode exterminá-las.

Dores e temores metamorfoseando-se diante dela, dúvidas inquietantes e sombras invisíveis sussurrando e praguejando. Uma Julieta que teve furtado o suicídio. Um rastro da luz de outrora, ou menos que isso. O mero disfarce que mascara o dissabor de seu questionável ser.

Gabriela Gomes Bastos
Enviado por Gabriela Gomes Bastos em 23/05/2016
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