A ANGOLINHA PAPARICADA

Havia um fazendeiro que tinha uma granja que criava diversos tipos de aves, tais como frangos para corte, perus e galinhas d’angola em pequeno número só para uso doméstico.

Numa ninhada de oito filhotes, nasceu uma angolinha bem menor do que as outras. Enquanto as demais cresciam normalmente ela pouco evoluía, alimentando-se bem pouco, pois as outras judiavam dela e não a deixavam comer, com isso ela foi ficando cada vez mais para trás, em crescimento e em desenvolvimento.

A angolinha parecia uma anãzinha perto de seus irmãos, crescidos e viçosos, que criou preocupação do dono granja, pois não entendia o motivo de seu estado de pequenez. Ele chegou a chamar um veterinário para resolver o problema, e depois de examiná-la disse que talvez fosse um defeito genético que impedia seu crescimento.

No passeio da manhã todas as angolinhas maiores percorriam os gramados na busca de insetos, a pequenina ficava para trás, meio desorientada e demorava a voltar.

O proprietário da granja construiu um viveiro e a deixava isolada das demais aves para que ele pudesse cuidar dela com todo o carinho, alisando e afagando suas penas, com todo amor e ela cada vez mais mansinha, retribuía-lhe o carinho, abrindo as asas e rolando pelo chão.

O fazendeiro chamou um segundo veterinário para novos exames e ele disse que a digestão dela era muito lenta e que ia receitar uma ração leve, à base de semente de girassol, com alto poder nutricional, que era rica em vitamina E, de baixo custo, que lhe melhoraria a digestão e era usada pelos nativos americanos há 5.000 anos, e que voltaria em um mês para ver o resultado.

A angolinha gostou e se adaptou à semente, comia bastante e começou a se desenvolver a olhos vistos e no dia que o veterinário retornou ficou espantado de ver tanta transformação. Ela tinha crescido, engordado, estava mais esperta e não demonstrava mais aquela antiga fragilidade e corria pelo gramado, com a mesma desenvoltura de seus irmãos à procura de insetos.

Quando o veterinário voltou depois de dois meses não a reconheceu em companhia dos outros filhotes, quase adultos e precisou da ajuda do fazendeiro para sua identificação.

Pouco tempo depois, totalmente recuperada, disputava com seus irmãos de igual para igual uma minhoca que encontrava, às vezes roubava deles.

De manhã era a primeira que acordava e ia à frente da janela do fazendeiro acordá-lo com seu canto característico da espécie: tô fraco, tô fraco, tô fraco.

Meses depois o veterinário em conversa com fazendeiro lhe disse:

— a cura dela aconteceu pela semente de girassol e sobretudo pelo amor e carinho que ela recebeu de vocês todos que cuidaram dela.

E ela continuou sendo o xodó da família.

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 18/05/2016
Reeditado em 10/06/2016
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