Fragilidades
E quantos de nós caminhamos nos momentos, espalhados como cacos de estrelas?
Por isso a prosa me consola.
Um dia, permiti que a vida me estrangulasse e asfixiada, sobrevivi.
A ternura partiu, endureci e não mais ouvi canções que brincavam com as tranças dos orvalhos.
Às vezes preciso comer flores
vestir-me com névoas matinais,
às vezes segredos me escutam e mudo caminho.
Há um encantamento no voo e abandono-me em seus braços.
Acho que sou sobrevivente sem razão, enrodilhada nos cipós dos ninhos que acredito moram nas copas dos xixás deste cerrado tão delicado!
Sou assim dentro da fragilidade que ecoa em sobressalto, espantada e todos os dias sinto ausência dos sussurros que me encantam.
Sei que sempre digo só gorjeios porque a vida me pede pra ser assim, nunca flechar as sementes.
A delicadeza não pode me abandonar jamais!
Descubro-me em suas e em minhas letras.
Mora um deserto em mim, assim como mares, montanhas, florestas e cerrado que não desgruda jamais.
Penso sem pensar nas feridas que ainda não curei apesar dos unguentos perfumosos que extraio das plantas aqui do terreiro da oca.
Cuido bem dos tesouros recebidos por mim apesar da fragilidade sorridente que vem pelas quatro estações.
Noto minha vontade levantar-se e dizer ao SER faminto que a tristeza tem seu próprio caminhar e só pára quando flores estão murchando.
Conheço alma de poeta!
Conheço lenho seco
Asas de bailarinas vestidas de azul celeste
Conheço a voz da entrega
Gemidos roucos do gozo
Olhar de fome
Vento com cheiro de chuva
Céu colorido de frio.....
Parece até que aprendi alguma coisa, mas que nada!
Tinjo essa prosa de verde aflito, por falta de chuva cá no cerrado que geme e as araras chegam em bando aqui no terreiro da oca para comerem castanhas da sete-copas.... ainda bem!
Sigo frágil, medrosa, alimento perfeito para abutres,
salva por troncos retorcidos como meu corpo
Atravesso!!!!!