Criminosa ***
Ela estava ali num canto com os olhos esbugalhados, esperando apenas a próxima presa que por ali passasse. Sem a perceber de imediato adentrei o recinto e acendi a luz. Ela bem ligeira saiu e sumiu, não mais a vi e achei que tivesse ido embora. Fechei com força a janela da porta balcão, ventava frio e era tarde da noite. Dormi um sono de criança, em sonhos bons e levantei cedo, feliz pelo novo dia. Abri a janela, já havia esquecido da presença inoportuna da noite anterior e o que vejo? Meu Deus, que pena ! Ela, uma lagartixa branquinha estava morta, grudada, prensada na junção do batente com a folha da enorme janela que eu havia fechado antes dela ter tempo de escapulir de vez. Foi assim que tornei-me uma criminosa, nunca havia matado um bichinho desse, que embora feio, é útil. Não consigo tirar da mente o mal que fiz sem querer.