Noite...

Na noite que vai,

na noite que foge,

fugir não posso

sem ver como corre.

Pedra luzidia,

pedra gretada,

de maré vazia,

numa noite fechada.

Barco da vida

vogando ao sabor,

duma despedida,

que não terá calor.

Limo quebrado

na onda que ferve,

como meu coração treme

ao temer teu quebrado.

Já sinto a estrela,

no teu peito arder,

e sobre ele jurei

a morte temer.

Deixar-me vais,

sem ter compaixão,

que sofro e padeço nesta solidão.

A luz que no cais vi,

fez-me pensar

que sem ti iria,

por fim naufragar.

Julguei sofrer

ao ver a maré de baixa morrer,

como eu sem fé,

e vi a lua que me disse enfim,

que sem ti teria

negra gritaria.

E no cais procurei,

que sentisses também,

o ruido dum peito

em que que a dor gerei.

E a onda baixinha

que vai num vai-vem,

procurar quem ande

contigo também.

Águamar
Enviado por Águamar em 10/05/2016
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