Noite...
Na noite que vai,
na noite que foge,
fugir não posso
sem ver como corre.
Pedra luzidia,
pedra gretada,
de maré vazia,
numa noite fechada.
Barco da vida
vogando ao sabor,
duma despedida,
que não terá calor.
Limo quebrado
na onda que ferve,
como meu coração treme
ao temer teu quebrado.
Já sinto a estrela,
no teu peito arder,
e sobre ele jurei
a morte temer.
Deixar-me vais,
sem ter compaixão,
que sofro e padeço nesta solidão.
A luz que no cais vi,
fez-me pensar
que sem ti iria,
por fim naufragar.
Julguei sofrer
ao ver a maré de baixa morrer,
como eu sem fé,
e vi a lua que me disse enfim,
que sem ti teria
negra gritaria.
E no cais procurei,
que sentisses também,
o ruido dum peito
em que que a dor gerei.
E a onda baixinha
que vai num vai-vem,
procurar quem ande
contigo também.