em manhãs assim
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no olhar qualquer sombra morre em manhãs como esta.
abres as cortinas da boca e mostras o riso bom.
ris bons augúrios. ris colares de cristal e de marfim
e eu penso..
onde nasce o teu riso? de onde brotam a água e o sol
que dás a beber?
sou irmão de tudo em manhãs assim. e canto,
moldo a prata e o cobre das goelas que sobra. em manhãs assim
não há cadafalsos, nem velórios, nem viúvas em pranto.
tudo é milagre. tudo conspira para que as almas se tornem templos
onde damos graças à vida.
pelo chão rolam moedas de ouro com a tua efígie.
o teu corpo é lenha aos meus dedos lume.
rosas ao mínimo afago.
ah, em manhãs estas eu acredito no amor!
e, de mãos dadas, dados ao encanto, vemos o horizonte líquido
e as nuvens em cardume..
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