O ultimo ato
Os últimos raios de sol se extinguiram quando a oficial se dirigiu até a cela da condenada.
Sem esperar que algo fosse dito, ela fechou o livro que estava lendo e levantou-se enquanto a oficial abria a porta da cela. No seu olhar grande e verde, não havia medo ou tristeza, apenas uma serenidade inquietante. Enquanto caminhava em passos vagarosos pelo longo corredor, se pôs a lembrar dos longínquos momentos felizes que tivera como dançar descalça na chuva pensando nas antigas canções que ouvira na velha vitrola de seu avô.
Na sala, quatro oficiais, uma grande e velha cadeira elétrica, e cadeiras vazias.
Aquela cena não teria plateia.
Uma oficial banha uma esponja em água limpa e a coloca sobre sua cabeça sem os cabelos que haviam sido raspados na noite anterior.
A mesma oficial terminou de prendê-la à cadeira, enquanto outra começara a declamar:
- A eletricidade passará por todo o seu corpo até você morrer, de acordo com a lei do estado.
Sua última reação foi esboçar um sorriso aliviado por baixo da balaclava que cobria o seu rosto, quando a alavanca foi acionada.
Em trinta segundos, a Angústia estava morta.