SIMPLESMENTE UM
Tantos anos se passaram sem que sequer voltássemos a nos ver, mas para nós existirá sempre um vazio, uma saudade que nos recusamos a sentir, latente e silenciosa, mesmo que negada.
De nada adianta dizer que nos odiamos, porque nossos corações não acreditam. Eles sabem os disfarces que usamos para nos dizermos felizes sem estarmos juntos. E sofrem, sem murmurar sofrem.
Quando o espelho nos mostra as marcas do tempo, que são mais profundas porque o desperdiçamos cultivando ressentimentos vãos, aprisionados em nosso orgulho, buscando justificar porque nos perdemos pelo mundo, no esforço de culpar ao outro pela distancia que existe e se alonga entre nós, então descobrimos que nossas mil tentativas mal sucedidas de sermos felizes, foram e serão sempre frustradas, porque para nós nunca haverá felicidade estando separados.
Somos simplesmente um.
Jogon Santos
Rio de Janeiro/dezembro 1982